quarta-feira, 11 de junho de 2008

VALE A PENA LER ATÉ O FINAL

HISTÓRIA DE JADE

Aconteceu comigo, não deixe q aconteça com vc.

Essa é uma linda e longa historia q mudou minha vida. Aconteceu há 17 anos atrás, mas pra dizer a verdade o inicio de tudo se deu há 26 anos. Foi qdo conheci meu primeiro amor. Eu era novinha, bobinha e apaixonada. Engravidei aos 17 anos, ele tinha 19. Éramos duas crianças, não tínhamos noção do q estávamos fazendo. Casamos, mesmo sem ter condições. As famílias ajudavam no q podiam, nossa vida era confusa, ele só queria saber de ficar nos botecos enchendo a cara, jogando sinuca e aprontando. Eu burra q era ficava em casa chorando. Aos 19 anos engravidei do segundo filho. A essa altura do campeonato nossa vida já estava um caos, mas mesmo assim eu curti muito a gravidez. Foram quase 7 anos de casamento, brigas e separações. Até q criei coragem e pedi a separação definitiva. Foram 6 meses de brigas, baixarias, até na delegacia fomos parar. Ele não queria assinar os documentos, comprou uma arma e disse o famoso chavão:
-se vc não vai ser minha, tbm não vai ser de mais ninguém.
Abandonei tudo e me escondi até ele se acalmar. Depois de muita encrenca ele finalmente assinou a papelada e fiquei livre!!!!
O mais absurdo é q ele já estava vivendo com outra pessoa e ela estava grávida, e mesmo assim ele transformou a minha vida num pesadelo.
Bom, essa fase acabou. Voltei a estudar, procurei emprego e estava tentando tocar minha vida qdo conheci uma pessoa. Ele era desquitado, 10 anos mais velho q eu, pai de 3 filhos...um sedutor profissional.
Minha vida na casa dos meus pais estava um inferno, minha mãe não dava um minuto de paz. Até o q eu falava ao telefone ele ouvia na extensão. Pra quem já havia morado sozinha isso era insuportável. Eu estava errada, a casa era dela.
Foi ai q tive a brilhante idéia de aceitar o convite do atual namorado para morar no apartamento dele. Peguei meus filhos, a mala e a cuia e mudei pra lá.
Foram dias felizes, muito amor e carinho. Era um sonho!
Durou só alguns meses. Em julho de 91 ele foi internado, os médicos disseram q havia forte suspeita de ser AIDS. Eu não acreditei.
Fizemos exames e mesmo antes de sair o resultado ele faleceu. Os médicos estavam certos, era AIDS mesmo. Eu só tinha 26 anos qdo vi a cara da morte pela primeira vz. Ela não sorriu pra mim. Fiz vários exames para confirmar se eu tbm estava contaminada e todos deram positivo. Durante 1 ano fiquei feito um zumbi vagando pela casa e perdida em meus pensamentos. Não comia direito, não dormia direito, não falava, me isolei de tudo e de todos. Até que um dia me deu um estalo e decidi voltar ao mundo dos vivos. Levantei, sacudi a poeira e dei a volta por cima.
Me arrumei, arranjei um emprego, fiz novas amizades e voltei a boa e velha rotina.
Nunca sai por ai gritando as 4 ventos q sou portadora do HIV, isso só diz respeito a mim, a minha família e quem eu achar q mereça saber.
Sou uma pessoa bonita, tenho boa aparência e sempre fui muito paquerada.
Ai vai um alerta, ninguém trás escrito na testa que tem o vírus, portanto NUNCA transe sem camisinha.
Logo que voltei a vida normal fui num barzinho comemorar o aniversario de um amigo, lá apareceu um bonitão cheio de lero lero. Ele me convidou pra jantar, eu aceitei.
A gente mal se conhecia, pra mim era só um jantar, por isso não vi necessidade de contar nada a ele. Só que o lindinho me levou pra jantar e depois que saímos do restaurante imbicou o carro na porta do motel. Eu disse que não queria entrar, ele começou a me agarrar dentro do carro, eu empurrei varias vzs, ele veio com estupidez e chegou ao cumulo de dizer:
- Paguei o jantar e não vou ficar sem sobremesa.
Se eu fosse uma pessoa sem caráter, teria entrado no motel, feito sexo com ele a noite toda e só depois contado pra ele a verdade, ou até quem sabe nem teria contado nada.
Só que jamais faria isso, entre um empurrão e outro falei:
- eu tenho HIV e não vou entrar nesse motel, me leva pra casa agora.
Ele me largou, ficou pálido, mudo e sem ação.
Me deixou em casa e sumiu.
Dias depois me ligou, disse q precisava falar comigo. Nos encontramos e conversamos muito. Ele pediu desculpas e agradeceu por eu ter sido sincera. Ele disse que aquela noite mudou a vida dele.
Depois disso vieram outros, mas eu não queria saber de ninguém. Até q apareceu alguém especial. Tive q contar pra ele, senti medo de ser rejeitada, mas mesmo assim falei a verdade. Por ele não ser portador achei q seria impossível a gente ter alguma coisa, mas me enganei. Namoramos durante 4 anos.
Nunca fiquei doente, nunca fui internada. Ninguém diz q sou portadora.
As pessoas sempre falam do meu alto astral, da minha alegria, da minha beleza...posso jurar a quem quiser q ninguém, mas ninguém mesmo que me conhece pessoalmente imagina q tenho HIV.
Volto a repetir, usem camisinha sempre. Não importa se a pessoa é bonita, sarada, tem boa aparência, AIDS esta no sangue, não na cara.
Bom, voltando ao namoro...durou 4 anos e terminou como qualquer outro namoro termina. Foi um relacionamento normal, tínhamos relação sexual como qualquer outro casal, ele sempre usava camisinha. Mais por exigência minha q dele. Eu sempre me senti muito responsável por quem esta comigo.
Qdo esse namoro acabou resolvi dar um tempo. Fiquei sozinha uns 2 anos, até q apareceu outra pessoa interessante e especial.
Tive que correr o risco de ser rejeitada outra vz, ele tbm não era portador...situação difícil ter q contar. Contei no primeiro beijo, ele me fez varias perguntas, respondi todas, convidei ele pra conhecer meu medico, ele foi. Lá ele ficou muito bem informado e o resultado é q estamos juntos há 7 anos.
Tenho uma vida normal, trabalho, namoro, passeio, faço tudo q todo mundo faz. Tenho momentos de felicidade, de tristeza, dou muita risada, as vzs choro...como qualquer ser humano.
Não pense q foi fácil ou q é fácil lidar com isso. Acordar todos os dias sabendo q dentro do meu corpo tem um vírus q pode me matar é ter consciência q a morte esta presente o tempo todo. Nunca fui internada, nunca fiquei doente, mas tenho que tomar 4 comprimidos por dia para me manter saudável.
Não bebo, não fumo, nunca usei droga. Me contaminei dentro de casa, na minha cama, com meu marido. Ele foi o segundo homem com quem tive relação sexual.
Gente, AIDS não é brincadeira, não existe grupo de risco. Tem q transar de camisinha sim. Preconceito é a maneira mais fácil e rápida de vc se contaminar. Ninguém esta imune, a menos q use camisinha SEMPRE.
Tudo isso aconteceu comigo pq nunca ouvi meus pais, sempre fiz o q dava na cabeça. Achava q AIDS era coisa de viado, drogado e vadia. Queimei a língua.
Engravidei aos 17 anos pq me achava muito esperta, moderna e dona do meu nariz. Quebrei a cara.
Casei com o cara errado e tive 2 filhos com ele pq não obedeci meus pais. Eles sempre foram contra, mas eu achava q sabia o q era melhor pra mim. Me ferrei.
Enfim, só fiz merda.
Hj posso dizer q amadureci, aprendi a dar valor a vida, a família e ao verdadeiro amor.
A começar pelo amor próprio. Quem se ama, se cuida e cuida dos outros tbm.
Otimismo, fé, coragem, perseverança, honestidade, amor ao próximo...tudo isso me mantem viva e feliz até hj.

Nenhum comentário: